O número de brasileiros que usam lenha ou carvão para cozinhar tem crescido, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2018, eram pelo menos 14 milhões de lares, 3 milhões a mais em comparação com o volume registrado em 2016. O preço elevado do gás e o desemprego estão por trás do fenômeno.
Os dados levantados pelo IBGE são atestados na prática pela Associação Brasileira dos Revendedores de Gás Liquefeito de Petróleo (Asmirg-BR). O presidente da entidade, Alexandre Borjaili, confirma que o gás de cozinha virou artigo de luxo para muitos brasileiros e critica o modelo de reajuste adotado pela Petrobras, com base no mercado internacional.
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“Por que nós tratamos um produto produzido e consumido dentro do Brasil com parâmetros internacionais? É uma questão que vamos discutir, inclusive, no Senado dia 10 (quarta-feira), em audiência pública sobre essa política de preço que nós entendemos ser totalmente abusiva”, diz Borjaili, segundo registro da Rádio Itatiaia. “Desde o ano passado, o (preço do) gás só vem subindo.”
O uso da lenha no preparo de alimentos no Brasil tem crescido principalmente nas regiões mais pobres. No Nordeste, o aumento do uso de lenha é muito maior do que nas outras regiões, disse à Agência Brasil Adriana Gioda, do Departamento de Química do Centro Técnico Científico da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CTC/PUC–Rio), que desenvolveu uma pesquisa sobre os efeitos desse fenômeno sobre a saúde humana.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustiveis (ANP), a queda de 1% no consumo de GLP, de 2017 para 2018, significou 13,2 bilhões de litros consumidos a menos em todo o Brasil. Em dezembro de 2017, quando o preço do GLP na refinaria chegava ao maior valor até o momento (R$ 24,38), a alta em relação a julho de 2017 atingia 37%. Em maio de 2018, mesmo com queda no preço das refinarias, o aumento acumulado desde julho de 2017 alcançava 24%, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
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