Adotado em vários países do mundo para ajudar a conter a disseminação do novo coronavírus, o isolamento social – que inclui, também, o regime de home office remoto nas empresas – começa a cobrar sua conta na saúde mental das pessoas. E um grupo em particular tem sofrido mais: o de mulheres que trabalham. A descoberta aparece em um estudo da Universidade do Estado do Rio (UERJ).
Publicado online pela The Lancet, embora ainda sem revisão, o levantamento mostrou que os casos de ansiedade e estresse mais do que dobraram entre toda a população; os de depressão, por sua vez, cresceram 90%. As mulheres são mais propensas a sofrer com ansiedade e depressão durante a epidemia, em especial as que continuam trabalhando, porque se sentem ainda mais sobrecarregadas com o acúmulo de tarefas domésticas e cuidados com os filhos.
Outros fatores de risco – também para os homens – são alimentação desregrada, doenças preexistentes e a necessidade de sair de casa para trabalhar. Quem precisam sair de casa durante a quarentena, como entregadores, funcionários de transporte público e supermercados e profissionais de saúde, tem, em média, indicadores de depressão e ansiedade mais elevados que os de quem está em casa, segundo os autores. No caso da depressão, as principais causas são a idade avançada, o baixo nível de escolaridade e a o medo de passar a infecção para pessoas mais vulneráveis.
A pesquisa foi feita entre os dias 20 de março e 20 de abril. Nesse intervalo, 1.460 pessoas, de 23 estados, responderam a um questionário online com mais de 200 perguntas. O trabalho é coordenado por Alberto Filgueiras, do Instituto de Psicologia da UERJ, com Matthew Stults-Kolehmainen, do Hospital Yale New Haven, nos Estados Unidos.
Os resultados sugerem um agravamento da situação desde o início da epidemia. A proporção de pessoas que relataram sintomas de estresse agudo passou de 6,9% na primeira etapa da coleta de dados (entre 20 e 25 de março) para 9,7% na segunda (de 15 a 20 de abril). Entre os casos de depressão, o salto foi de 4,2% para 8%. A crise aguda de ansiedade pulou de 8,7% para 14,9%. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os percentuais médios na população esperados para estresse, ansiedade e depressão são 8,5%, 7,9% e 3,9%, respectivamente.
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