Nesta segunda-feira (8/6), a Nova Zelândia anunciou a suspensão de todas as restrições sociais e econômicas adotadas para conter a disseminação da covid-19. A decisão é o atestado definitivo de que o país não só reduziu o número de infectados como conseguiu, de fato, erradicar o coronavírus de seu território.
“Embora o trabalho não esteja concluído, não há como negar que este é um marco. Obrigada, Nova Zelândia”, disse a primeira-ministra Jacinda Ardern ao anunciar o fim das restrições. Com exceção dos controles de fronteira, que continuam, na Nova Zelândia, o transporte público, as redes de varejo, os hotéis e eventos públicos e privados, entre outras atividades, não precisam mais obedecer às regras de distanciamento que ainda vigoram em boa parte do mundo.
A premiê Jacinda Ardern tem sido considerada a principal responsável pelo sucesso neozelandês na pandemia, mas é claro que um feito como esse não pode ser creditado a uma só pessoa. E, como registra o portal de notícias Newsroom, as empresas do país foram decisivas para a conquista.
A seguir, as seis grandes contribuições do universo empresarial para a vitória da Nova Zelândia contra a covid-19, segundo o site:
As empresas se anteciparam à crise
Ao entender rapidamente que o coronavírus traria uma crise de grandes dimensões, o setor empresarial da Nova Zelândia antecipou-se ao problema e acionou seus planos de negócios e de gerenciamento de crise para momentos de estresse econômico. Em fevereiro, diz o site, quase todas as corporações ouvidas já estavam com esses planos em andamento.
Os planos emergenciais exigem respostas fortes à crise e trabalho colaborativo. As empresas neozelandesas desenvolveram essa capacidade a partir de experiências traumáticas, como as causadas por tremores de terra. O país é considerado um dos mais sujeitos a terremotos de grandes proporções no mundo.
Resposta rápida e colaboração entre governo e empresariado
O coronavírus gerou uma crise para a qual nenhum país tinha resposta pronta. As decisões foram (e, em muitos casos, ainda têm sido) tomadas com base em informações parciais sobre o vírus e suas consequências sociais e econômicas. A falta de informações também foi um desafio enfrentado pela Nova Zelândia, que conseguiu reagir a isso com decisões que eram tomadas com rapidez – e, se necessário, também descartadas rapidamente. Um dos diferenciais do país, escreve o Newsroom, foi um trabalho constante de troca de informações e colaboração entre políticos, servidores públicos e representantes de entidades empresariais.
Olho no futuro
Assim como ocorrerá em grande parte do mundo, a economia da Nova Zelândia deve sofrer uma forte retração em 2020 por causa da pandemia. Segundo projeções recentes, o produto interno bruto (PIB) do país só deve retornar aos níveis pré-coronavírus em 2022.
Os empresários sentiram e sentem isso no dia a dia de seus negócios. Ainda assim, o que se percebeu foi que, no geral, em vez de fazerem pressão pelo fim das medidas de isolamento social, os empresários se prepararam para o futuro que está por vir, e não para o futuro que estava previsto há poucos meses.
Aceleração de negócios digitais
O coronavírus acelerou a digitalização de empresas que ainda estavam no meio desse processo na Nova Zelândia. É verdade que esse fenômeno não é exclusividade do país: ele tem sido uma das grandes transformações causadas pela pandemia em todo o mundo. Mas o caso neozelandês ganha especial destaque porque põe em evidência um programa de melhoria da infraestrutura de comunicação iniciado antes do surgimento da covid-19. Com investimentos de 1,5 bilhão de dólares neozelandeses (R$ 4,8 bilhões, em valores atuais), o país pretende levar internet ultrarrápida a 87% de sua população até o fim de 2022.
Cultura inclusiva
A Nova Zelândia criou um sistema de alertas sobre a pandemia que dividiu em quatro níveis o risco de contágio da população. No dia 25 de março, o nível 4, de alerta máximo, foi acionado, o que colocou em vigor as medidas de isolamento social mais restritivas impostas pelo país. Três horas e meia antes de o lockdown entrar em vigor, registra o Newsroom, a BusinessNZ e a Council of Trade Unions, respectivamente a maior entidade de representação empresarial e a maior central sindical de trabalhadores da Nova Zelândia, distribuíram um comunicado conjunto para reforçar a mensagem de que o país precisava se unir contra a doença.
Carregada de simbologia por unir patrões e empregados, a iniciativa foi vista como um reforço à cultura de inclusão e diálogo no mundo corporativo. Na mensagem, as entidades pediram que as empresas fizessem o máximo para conter a covid-19 (ou, em outras palavras, que as companhias suspendessem suas atividades) e também para evitar demissões.
Líderes empoderados
Os 16 líderes empresariais ouvidos pelo Newsroom relataram que a pandemia os transformou em líderes melhores. Isso não só porque o desafio de comandar suas empresas no atual cenário tem sido enorme, mas também porque, com mais frequência, perguntam a eles próprios se estão sendo os líderes que o momento de fato exige.
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