A vitória de Joe Biden deve acelerar transformações empresariais que já ocorrem no mundo. Embora ainda existam muitas incertezas sobre o real poder que ele terá, devido ao fato de não estar claro se os democratas conseguirão conquistar a maioria no Senado, sua nova postura alinha o governo da maior potência do mundo com as modernas práticas corporativas. A medida mais emblemática, a ser adotada no primeiro dia de seu governo, será a reintegração dos EUA ao Acordo de Paris.
Além de um pacote inicial para a recuperação econômica americana da Covid-19, o que anima os mercados financeiros em todo o mundo, sua agenda sustentável e em favor das minorias, rompendo com o que estava sendo realizado no governo de Donald Trump, tende a ser um incentivador para agendas igualitárias e a pauta ESG que já é dominante no mundo corporativo global. Mas, com o apoio institucional do governo americano, novos avanços devem ocorrer, sobretudo na área ambiental.
Ao prometer investir US$ 2 trilhões para desenvolver energia limpa e eliminar emissões do setor de energia até 2035, Biden pode abrir uma leque de oportunidades de investimentos e negócios. Além disso, ao retornar ao Acordo de Paris, os EUA devem turbinar o mercado internacional de compensação de carbono, o que gera a possibilidade de muitos negócios, inclusive no Brasil.
Chamado por alguns agentes do mercado de “presidente verde”, Biden está gerando muitas expectativas, que nem sempre são fáceis de serem atendidas. Mas o cenário, de uma maneira geral, é promissor. “É difícil saber exatamente quais mudanças Biden realmente implementará, principalmente porque não está claro quem controlará o Senado. Mas podemos dizer que quase todas as políticas verdes implementadas por Biden serão positivas em comparação com seu antecessor ”, observou David Harrison, gerente do Fundo de Sustentabilidade Global Rathbone.
No campo social, o tema da inclusão, comércio justo e atuação proativa devem ser destaques. Não apenas pelo fato de, com Biden, ter sido eleita a primeira mulher para o cargo de vice-presidente dos EUA, mas pela pressão da sociedade americana para uma sociedade mais justa e igual, o que vai tornar mais evidente os esforços das empresas na mesma direção.
O governo Biden, segundo analistas, também tende a restabelecer a forma do multilateralismo, reduzindo amarras do comércio Global, o que tende a ser positivo, principalmente no longo prazo. Neste cenário, caberá ao Brasil se posicionar melhor, mudando a imagem negativa que o país atravessa por questões sociais e ambientais.