Um dos maiores desafios de agendas sustentáveis, sociais e de governança (ESG) nas empresas é criar maneiras mensuráveis de avaliar o impacto ambiental e sua relação com os resultados financeiros das companhias. Mas no mundo corporativo muitos dizem que isso é questão de tempo, pois há várias iniciativas de criação de padrões contábeis para resultados ambientais. E isso tende a ser revolucionário.
Em um artigo publicado na Harvard Business Review, os pesquisadores e professores Richard Barker, Robert G. Eccles e George Serafeim afirmam que o impacto dos padrões de relatórios de sustentabilidade será enorme. “Essas mudanças serão ainda mais efetivas se a remuneração estiver vinculada às métricas de sustentabilidade. Hoje, executivos e membros do conselho são recompensados quase inteiramente em termos de desempenho financeiro da empresa. Rigorosos padrões de mensuração e reporte de sustentabilidade permitirão que sejam utilizados na determinação da remuneração de CEOs, executivos, conselheiros e investidores”, afirmam os autores.
Os novos padrões de contabilidade ambiental também deverão criar uma unificação de relatórios das empresas, tratando de questões financeiras e ambientais de maneira interligada, e não mais em dois documentos diferentes, como ocorre na maior parte das empresas atualmente. “Os executivos serão mais capazes de considerar as questões de sustentabilidade nas decisões de estratégia e alocação de capital. Isso ajudará a garantir a sustentabilidade do desempenho financeiro das empresas, principalmente no longo prazo. Os conselhos de administração verão a sustentabilidade não como uma questão secundária a ser administrada em um comitê, mas como uma questão importante na qual todo o conselho precisa se concentrar”, informa o texto.
Neste novo cenário, ficará mais claro que as empresas mais eficazes na gestão da sustentabilidade serão mais atraentes para os investidores. Uma vez que o desempenho de sustentabilidade pode ser um indicador importante de desempenho financeiro, os investidores vão querer a mesma consistência e clareza nos relatórios de sustentabilidade de uma empresa que agora esperam para seus relatórios financeiros.
O artigo ainda lista diversas iniciativas de padronização contábil para as empresas, indicando dificuldades ainda existentes e desafios a serem enfrentados. Porém alerta que avanços estão ocorrendo e que cada vez mais grandes corporações, instituições e órgãos reguladores de governo estão se associando a estas iniciativas.
“Os investidores e outras partes interessadas, de repente, terão uma visão muito mais clara do desempenho de sustentabilidade de uma empresa – assim como têm seu desempenho financeiro. Embora a maioria das empresas hoje emita relatórios de sustentabilidade, eles estão separados de seus relatórios financeiros, tornando difícil ver a relação entre o desempenho financeiro e o desempenho de sustentabilidade”, conclui o texto.