Há um ano, quando a OMS oficialmente decretava que o mundo estava em uma pandemia, as bolsas de valores reagiram na medida. As quedas foram bruscas, com circuit breaker em série por todo o planeta, e em muitos mercados as quedas superaram a quebra de 1929. Porém a recuperação surpreendeu e hoje muitos dos mercados superaram os picos anteriores ao novo coronavírus. No entanto, isso ocorreu de forma muito desequilibrada entre diferentes setores.
Um estudo da consultoria americana McKinsey com dados das cinco mil maiores empresas do mundo apresenta um dado surpreendente: 80% delas recuperaram totalmente as perdas causadas pela Covid-19 em um ano. Agrupando as companhias em setores, apenas cinco continuam com desempenho aquém da pandemia: aeroespacial e defesa; telecom; óleo e gás; setor imobiliário e serviços públicos. Três estão praticamente empatando com o período pré-crise sanitária: seguros, turismo e bancos.
Mas em 21 deles o cenário é de valorização maior que há um ano, em alguns casos superando os 50% de valorização. São eles: transporte e infraestrutura; alimentos e bebidas; serviços prestados às empresas; serviços financeiros; bens pessoais e de escritório; fármacos e biotecnologia; conglomerados; Suprimentos de saúde; vestuário, moda e luxo; varejo; alta tecnologia; serviços do consumidor; commodities; produtos químicos; tecnologia médica; automotivo; logística e comércio; eletrônica avançada; meios de comunicação e serviços de saúde. Neste último setor, que se beneficiou da crise sanitária, as empresas analisadas pela consultoria hoje valem 50% mais que há um ano.
Para a McKinsey, a pandemia acelerou algumas tendências econômicas que já existiam, como a valorização do e-commerce, das plataformas de serviço e o home office.
“Um olhar sobre as tendências que impulsionam a economia hoje mostra um padrão de grande aceleração: surgiram poucas novas tendências no último ano, muito menos para reverter a direção de antes da pandemia. Porém muitas tendências foram aceleradas. Compras online, educação remota, telemedicina, e mesmo tensões geopolíticas não são novas, mas a crise do COVID-19 intensificou esses forças como um terremoto liberando energia reprimida”, afirma o relatório.
Mesmo nos setores mais prejudicados há algumas empresas “vencedoras”, que conseguiram se adaptar mais rápido à aceleração das transformações.
“Por exemplo, embora a indústria de restaurantes tenha sofrido fortemente durante a pandemia, a Domino’s Pizza ampliou o retorno aos acionistas em 26%, graças à sua tecnologia avançada e seu modelo de negócios, com capacidade de aumentar rapidamente a entrega de alimentos. Da mesma forma, a Peloton, fabricante de bicicletas ergométricas que estava forte na internet, viu o valor de suas ações aumentar mais de cinco vezes, mesmo como o mais tradicional de seus clientes, as academias lutando contra as restrições de funcionamento”.
Além da tecnologia e de entender o novo comportamento dos consumidores, estar alinhado aos grandes temas mundiais ajudaram as companhias, de acordo com a consultoria. “A importância cada vez maior da sustentabilidade também pode ser visto nas muitas empresas de energia renovável que oferecem retornos sólidos, enquanto o serviços públicos e setores de petróleo e gás diminuíram em valor global”, informou a McKinsey.
“O desempenho do mercado de ações no ano passado envia sinais claros sobre onde os líderes de negócios devem concentrar suas energias nos próximos meses. Reimaginem o mundo do outro lado do túnel. Os líderes empresariais precisam de uma visão para o futuro pós-Covid-19, construindo vários cenários para conta para a incerteza contínua”, afirma o relatório.
Segundo o levantamento, análises de crises anteriores mostram que nem sempre o a forma como uma empresa sai de uma recessão é determinante para o seu futuro. Para a consultoria, quem sai forte continua tendo desempenho superior, enquanto os aqueles negócios que não se saíram bem continuam mais atrasados. Portanto, 2021 é representativo em termos estratégicos, pois pode ser a oportunidade de obter um salto sobre os concorrentes.